Neste período de volta às aulas, o Blog Tecassistiva conversou com pessoas com deficiência visual para saber um pouco mais sobre seus desafios, expectativas e como a tecnologia pode ajudar nos estudos.

Professor Fernando vive a matemática ao lado dos seus alunos cegos

Fomos ao Centro de Ensino Especial 2, em Brasília, que é voltado a alunos com deficiência visual e encontramos o professor Fernando Rodrigues. Ele é deficiente visual e ensina aos alunos matemática por meio do “Soroban”, um ábaco adaptado a quem não pode enxergar. Para ele, a tecnologia assistiva poderia estar mais presente nas escolas. “Porém, os alunos também teriam que estar mais instrumentalizados para isso”, explica. “A linha braille, por exemplo, é muito importante, apesar de ser ainda um sonho para muitos alunos”. Segundo o professor, um scanner de voz como o oferecido pela Tecassistiva seria excelente para a escola. “A tecnologia pode ajudar muito uma pessoa com deficiência visual tanto nos estudos como nas tarefas cotidianas. Para o dia a dia, coisas simples como botões táteis nos eletrodomésticos também ajudariam muito”, exemplifica. “Lamento que as empresas não tenham resistência em contratar pessoas com deficiência – na realidade penso que não estão dispostas a investir para tornar a acessibilidade possível”, lamenta. “Isso influencia muito na motivação dos alunos”, completa. Contudo, mesmo diante de tantos desafios, o  professor não desanima e deixa seu recado: “Independente das dificuldades é preciso tocar a vida e se dedicar aos estudos para vencer”. 

Aluno Jenerson quer multiplicar possibilidades com acessibilidade

O aluno Jenerson Alves de Abreu tem 37 anos e faz seu processo de adaptação no Centro de Ensino Especial. Para ele, o maior desafio para um aluno com deficiência visual é acessibilidade, desde os equipamentos urbanos como paradas de ônibus e calçadas sem piso tátil à falta de respeito das pessoas. Jenerson afirma que dentro da escola o grande desafio é a adaptação. “Temos bons professores que têm contornado a situação da melhor forma possível”, afirma. Jenerson não sabia que existe um equipamento que converte textos escritos em papel para arquivos de áudio. “Um equipamento como esse em nossa escola seria uma maravilha! Iria nos ajudar bastante”, diz. Perguntado sobre qual livro ele gostaria de ler mas não encontra em formato acessível, ele diz sem pestanejar: Encontrei a Liberdade. Testemunho de vida de José Paulo Ventura, ex–Paulinho Bang–Bang“. “Seria uma maravilha converter esse livro em áudio, quero muito conhecer”, conta. Para Jenerson o maior desafio para os estudantes com deficiência também é a  empregabilidade. “Hoje, menos de 5% dos deficientes visuais estão no mercado de trabalho”, contabiliza. Nessa volta às aulas Jenerson deixa seu recado: “ Que venhamos aproveitar o retorno às aulas e lutar mais pelos nossos direitos, para que não nos escapem mais do que já têm escapado”.

E o Blog Tecassistiva volta à Franca para ver o resultado!

Em dezembro do ano passado a gente contou a história da Maria Aparecida de Amorim Mota, de Franca (SP). Ela realizou o sonho de ter seu Scanner com voz Sara-PC. Isso foi possível graças à iniciativa de um grupo de comerciantes da cidade que se organizou para ratear a compra do equipamento para ela e seu marido que também tem deficiência visual. Maria Aparecida tinha voltado a estudar há pouco tempo e enfrentava as dificuldades comuns aos estudantes com deficiência visual. Agora, nesse período de volta às aulas, procuramos a Maria Aparecida para saber o que mudará em seus estudos com o equipamento. Saiba o que ela nos contou! 

Desde que voltou a estudar, Maria Aparecida vinha contando com o auxílio de uma professora que se dispunha a transferir os livros para o Braile de forma que ela os pudesse ler. Mesmo com a boa vontade e os melhores esforços da professora, esse processo levava tempo, o que atrasava o andamento dos seus estudos. “Além disso, eu estava limitada aos livros que a escola passava. Não tinha como escolher um livro para ler por lazer”, comenta. “Agora com o Scanner com voz Sara-PC, tanto os estudos quanto o hábito da leitura serão muito mais fáceis”, comemora. Acabei de ler o livro “A Culpa é das Estrelas” que eu tinha comprado para minha filha mas eu não tinha como ler. A história me emocionou e chorei muito!” conta ela aos risos.  

Maria Aparecida ainda não decidiu que curso vai fazer após a conclusão do ensino médio. “Ainda não tenho uma área em vista. Meu foco agora é concluir o ensino médio e só então pensar nisso”, conta. “Meu marido já decidiu que ao terminar a escola, vai estudar Massoterapia”, conta. Ela comenta que o Scanner vai ajudar muito a ele também. “Estamos ansiosos pelo início das aulas, pois só então poderemos usar o Sara-PC para a finalidade pela qual o adquirimos: estudar. É que quando conseguimos comprá-lo já estávamos de férias”, explica. “Agora poderemos estudar com a mesma agilidade dos outros estudantes, e isso é muito importante para qualquer pessoa!”, conta.  

Segundo Maria Aparecida, além de fazer toda a diferença para a vida acadêmica, o Sara-PC tem sido muito útil em casa. “Agora não preciso de ajuda para ter acesso às contas e outras correspondências que chegam em casa. É só usar o equipamento e já sei do que se trata e qual o valor”, conta. Além disso, ela está lendo a Bíblia em seu tempo livre. “Era meio complicado antes pois não é tão fácil achar tudo em formatos acessíveis. Agora posso buscar inspiração no trecho que preciso no momento que quero”, conta. Para ela, o equipamento trouxe uma infinidade de novas possibilidades. Perguntada se ela recomenda o Scanner com voz Sara-PC ela disse: “Recomendo demais! Gostaria que todas as pessoas com deficiência visual pudessem ter um!”