Braille no computador, no smartphone e no futuro
Por Marina Yonashiro
É surpreendente que existam coisas criadas há séculos que continuam modernas. É assim com a eletricidade, as obras de arte, as sete maravilhas do mundo. São poucos que sobrevivem ao tempo e não ficam guardados em museus.
O braille é uma dessas raras criações que são modernas, mesmo tendo sido criado no século XIX. Para se manter vivo até hoje, sua estrutura continua a mesma: símbolos que podem ser tocados com a ponta do dedo. A partir disso, a sociedade consegue adaptar o sistema para a linguagem matemática, musical e até informática.
Uma das adaptações que fizeram para que o braille pudesse se encaixar em várias situações que Louis Braille, criador do sistema, não poderia ter previsto, foi o braille de 8 pontos.
Se você gosta de tecnologia assistiva já deve ter ouvido falar nele. Isso porque ele surgiu por uma necessidade de economizar espaço, principalmente nas linhas braille.
E o que é o braille de 8 pontos? Para entendê-lo, você precisa saber que o braille tradicional possui 6 pontos, que são organizados em 3 linhas e 2 colunas. O braille de 8 pontos acrescenta mais uma linha com duas colunas – ou seja, mais dois pontos. 6 + 2 = 8!
Mas como ele economiza espaço se você acrescenta mais dois pontos em cada cela? Acontece que, no braille de 6 pontos, alguns símbolos precisam de duas celas para serem escritos (como as letras maiúsculas e os números). No braille de 8 pontos, qualquer letra ou símbolo só precisa de uma cela para ser escrito. Observe a figura abaixo:
Por isso o braille merece um dia só para ele: além de ter sido ferramenta indispensável na autonomia e independência de pessoas com deficiência visual pelo mundo, o sistema continua se modernizando e auxiliando gerações atrás de gerações.